sábado, 4 de fevereiro de 2012

Pobres x Miseráveis

Reproduzo abaixo post do radialista Orlando Costa em seu blog, volto em seguida pra comentar:

ASSECLAS DEIXAM CAIR AS MÁSCARAS

Desta vez os dois “soldados da saúde” do prefeito Geninho (DEM) foram longe demais. Ou, talvez, apenas chegaram aonde sempre queriam estar. Ou, mais ainda, talvez numa escorregadela, deixaram cair as máscaras. Falo de matéria publicada na edição de hoje do semanário “Folha da Região”, à página 7 (”Para provedores, atendimentos a pobres atrapalham a Santa Casa”), onde o provedor Mário Francisco Montini, e seu vice-provedor, Vivaldo Mendes Vieira, do auto de suas arrogância e pretensões higienistas, dão-se ao absurdo de acusar o pobre pela atual situação da Santa Casa de Misericórdia de Olímpia.
Espera-se tudo e mais um pouco deste governo. A ponto de manifestações de preconceito social, pendor para medidas higienistas e posturas discriminatórias serem “café pequeno” dentro do corolário ideológico desta turma que detém o poder hoje na cidade. “O grande problema de imagem que tem a Santa Casa é a porta de entrada, que é o pronto-socorro. Tem aglomeração de pessoas lá na frente”, disse por exemplo o vice-provedor, nordestino acolhido por esta terra e essa mesma gente com calor no coração.
“Vamos manter aqui um atendimento de urgência e emergência para planos de saúde e particulares”, diz o provedor Montini, já sonhando antecipadamente com o paraíso imaginado por ele, pessoa de origem humilde que, uma vez atrelado ao poder, sucumbiu aos prazeres da política totalitária e às delícias do mando, ainda que mal exercido, uma vez que agora quer banir de seu espectro, o povo. Particularmente, o povo pobre.
Para os dois”comissários” genistas, então, basta que a patuléia - como diz o iminente Hélio Gaspari, por si também extremamente preconceituoso e higienista - fique longe daquele nosocômio. Que não vá criar “problema de imagem” para o hospital, impedindo-o de “melhorar e ter mais eficiência”, e permitindo que para lá só vá “os conveniados e os particulares”, tão ao gosto dos dirigentes, tudo indica, porque, diz Mendes Vieira, “aí dará para fazer um trabalho melhor”. O pobre, pinguço que briga no bar, a família do pobre adoentado que, preocupada o acompanha ao hospital em grande número, e também aqueles que brigam em casa, que vão se lamentar e buscar socorro longe dali, onde deveriam estar somente os “conveniados e particulares”.
Portanto, senhoras e senhores desta minha querida e tão aviltada urbe, encontrou-se o cerne do problema e a solução para a Santa Casa: o problema são os pobres. E a solução é mantê-los longe do hospital. Simples assim. E agora dá licença que vou ali vomitar.

Bem, confesso que é difícil encontrar palavras para descrever o que sinto, não apenas lendo tais declarações, mas presenciando diversos fatos que recentemente tem acontecido naquele hospital, usado agora como cabide para os apaniguados do nosso burgomestre.
Como postei no facebook dias atrás, uma paciente saiu do consultório com uma receita de determinada injeção, só que teve que falar novamente com o doutor para que a receita fosse refeita, para que a paciente, se contorcendo de dores, pudesse ir até uma farmácia para comprar o medicamento, que depois seria aplicado pelos profissionais da Santa Casa.
Outro caso aconteceu com um familiar meu, que sofre do coração, e durante uma crise ficou esperando por mais de 50 minutos por uma enfermeira, já que haviam apenas duas no plantão, só que uma se recusou a fazer os procedimentos na sala de urgência, porque a outra se encontrava no outro pavilhão, e ela não poderia sair do posto de enfermagem - "vai que chega alguém em estado grave" - foi o que ela me disse, ou seja, o que já está lá pode morrer, só não podem perceber que faltam profissionais no Hospital, ou seja, se importam com a imagem.
Isso não me surpreende, sei que este governo é quase um salão de beleza, sabe maquiar como nenhum outro em toda a história; mobiliza rádio, jornal, blog, enfim, vários órgãos para esconderem a sujeira debaixo da unha com um retoque de esmalte.
Daí dizem que o problema da Santa Casa é o pobre, trocando em miúdos foi isso que disseram, só que a Santa Casa, em sua origem, era um hospital filantrópico, prestador de serviços de saúde justamente para os mais necessitados, os pobres. Os pobres que são maioria em nossa cidade, os pobres que elegeram o grupo que está no poder, responsável por esses que deram essa declaração infeliz estarem lá, 'fazendo figura' frente ao hospital, os pobres que sofrem com os problemas reais de nossa cidade, enquanto que para os turistas nós vivemos, se não no paraíso, bem ao lado dele.
Bem, mas pra eles isso pouco importa, já que os mesmos pobres ficam felizes com qualquer festa que promovem por aí, com eles a chamada "política do pão e circo" ou (panis et circenses) funciona bem, e pra tais agentes o que importa mesmo são os fins, dos quais o principal deles é o poder, não fazendo conta dos meios que utilizarão pra isso.
Estou indignado com tudo que está acontecendo, na Santa Casa e em outros setores da cidade, mas, pensando bem, o povo tem o governo que merece, e se pra maioria está tudo bem, que assim seja, não mudarei o mundo sozinho.
Pra terminar, mas não encerrar, relembro que os 'pobres' podem ser interpretados de várias maneiras, existem os menos abonados de poder aquisitivo, porém, os piores pobres, os mais miseráveis, são aqueles que não possuem nada, exceto o dinheiro, muitas vezes conquistado de maneira ilícita.
Abraço a todos, é o que temos pra hoje!

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